quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Além São Francisco - Abertura 09/03/2020 - Visitação de segunda a quinta, das 11 às 16 h




Além São Francisco 
09/03 a 18/03 

Abertura: segunda-feira, 09/03 às 17h
Visitação: Segunda à quinta 11h às 16h 
Galeria Cañizares - Escola de Belas Artes  UFBA
Av. Araujo Pinho, 212, Canela, Salvador

Abrindo a pauta da Galeria Cañizares (EBA-UFBA) em 2020, a exposição Além São Francisco reflete sobre a transitoriedade da paisagem cultural homônima, localizada na margem esquerda média do Rio São Francisco. São 11 obras que revelam olhares singulares e transportam o horizonte do público soteropolitano do oceano para as fronteiras profundas do estado. No contexto da interiorização universitária, o curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), se apresenta como fomentador de produção artística contemporânea indissociável do tempo e do lugar: o Além São Francisco inventado e reinventado pela resistência de mãos rezadeiras, raizeiras, careteiras, ensinantes e, acima de tudo, estudantes. 


São obras regadas por experiências e processos distintos, mas que têm em comum o desejo de ver brotarem novos caminhos para (re)conhecer o Sertão.



Caretas de Limiro do Santo Antonio (Canápolis/BA, 1940) recebem o visitante no umbral da porta da exposição. São cores e formas que ele denomina "fechadas", surgidas como parte dos festejos da Caretagem de Santo Antônio, município de Canápolis/BA. Iluminadas ou espantosas, as máscaras e objetos tradicionais de Limiro pulsam tradição ao mesmo tempo que assombram, na descoberta da perecibilidade da arte popular em tempos de apagamento.




Do ateliê para as ruas, as gravuras de Conchita Silva (Correntina/BA) e Mazzo Rodrigues (Boquira/BA, 1971) multiplicam imagens de violência e resistência que, em painéis de lambe-lambe instalados na Galeria e em vários pontos de Salvador, contam histórias de conflitos agrários e hídricos, resistência cultural e de mulheres que lideram a luta em áreas de disputa.












A instalação A responsabilidade da prática docente no deslocamento sudeste-nordeste surge a partir das reflexões do deslocamento do artiste-professore Violeta Pavão (Bocaina de Minas/MG, 1990) para lecionar em Juazeiro e Santa Maria da Vitória, cidades situadas na Mesorregião do Vale do São Francisco e Extremo Oeste Baiano. A obra reflete situações de tensão no encontro de territórios e provoca uma atenção à responsabilidade do corpo/língua/olho docente.













 Três trabalhos se apresentam a partir de experiências de cura. No trabalho de Júnior Dias (Coribe/BA, 1998) uma série de ações artísticas ativa seu encontro espiritual na umbanda. Tiago Bassani (Santo Antonio de Posse/SP, 1985) traz Aroeira, uma instalação-homenagem à Dona Maria da Aroeira, raizeira que vive na Comunidade de Brejinho em Correntina/BA. O trabalho é composto por objetos de cura dispostos em uma parede-relicário-oratório, surgida do encontro entre diferentes crenças e dividida em quatro partes, quatro viagens e quatro curas. 

Já Angélica Rodrigues investiga a cura a partir das e das rezas e ervas de Dona Iracema, parteira e rezadeira urbana de Santa Maria da Vitória/BA.


Do olhar profundo de Luci Lopes (Carinhanha/BA, 1998) surgem manchas e linhas que denunciam o desejo de existir e resistir da arquitetura popular, esquecida no ímpeto da urbanização desenfreada. O desenho de observação da artista faz explodir, nos olhos do visitante, marcas incômodas de paredes sujas, trincas irremediáveis e muros solúveis de casebres abandonados. 

A obra visceral de Mila Vieira (São Félix do Coribe/BA, 1998) surge da manipulação incômoda do solo do terreiro de sua casa no povoado rural de Jenipapo, em Coribe/BA. As indagações sobre a cisão entre passado e presente partem do seu lugar de origem e tramam relações pessoais com o fazer necessário para subsistir neste espaço.


A proposição instalativa Ninhos, de Adriana Araújo (Salvador/BA, 1977) é composta por ninhos de cupins, vespas e seres humanos, produzidos com argila e saliva e transformados em corpos cerâmicos. Os ninhos de insetos, normalmente vistos como infestações, são, nesta proposta, destituídos de um sentido de poder destrutivo e compreendidos como potência das construções coletivas. Os objetos são apresentados como formas sociais não somente em sua configuração final, mas na perspectiva da sua feitura e do desejo de transformar realidades preestabelecidas e gerar possibilidades outras. 


A videoinstalação HABITAR NO SERTÃO: MORAR, CIRCULAR, TRABALHAR E RECREAR-SE  encerra o plantio de nossa exposição.  Concebida por Ana Luisa Ribeiro (São Paulo/SP, 1984), a obra é resultado da experiência de quase 40 futuros professores de arte que percorreram 10 municípios do Sertão São Franciscano. Durante o trabalho de campo os estudantes realizaram caminhadas, conversas e vídeos que fazem emergir uma nova imaginabilidade da região.  Tendo como ponto de partida o observador-autor, o material videográfico aqui reunido é uma somatória de olhares sobre a transitoriedade permanente do morar, circular, trabalhar e recrear-se na atual paisagem urbana no Sertão São Franciscano, contribuindo no inadiável debate sobre as cidades pequenas e médias no Brasil.

A ocupação artística Além São Francisco surge do desejo de Ana Luisa Ribeiro, Tiago Bassani e Violeta Pavão, professores-artistas-pesquisadores da Universidade Federal do Oeste da Bahia, de fortalecer o fazer artístico como produção de conhecimento. Para eles, expor na Galeria Cañizares e na Universidade Federal da Bahia, instituição tutora da UFOB em seu princípio, é afirmar uma luta política pela Arte e pela Educação pública, contribuindo na democratização e interiorização universitária no estado.

Ficha Técnica:
Curadores
Ana Luisa Ribeiro
Tiago Bassani 
Violeta  Pavão
Artistas
Adriana Araújo
Ana Luisa Ribeiro
Angelica Rodrigues
Conchita Silva 
Junior Dias
Limiro do Santo Antonio
Luci Lopes 
Mazzo Rodrigues
Mila Vieira
Tiago Bassani
Violeta Pavão


Colaboradores
Iracema da Silva Rocha
Lilia Passos 
Maria da Aroeira


Educativo 
Tiago Bassani 
Ana Luisa Ribeiro 
Violeta Pavão


Design
Guido Giglio


Equipe da Galeria Cañizares
Coordenadores: Ricardo Bezerra e Cristiano Piton


Monitores: Lavínia Silva, Maryana Lima, João Carlos Justino e Eliana Valença  Borges

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